Esse é um blog-diário. Tudo começou assim: amigas-irmãs,
papo e tal, convite para escrever. Curti!
Lá na época do convite inicial, há cerca de um ano atrás,
estava com o sentimento em frangalhos. Pensava que seria uma boa ideia
escrever, para dar vazão ao meu recente terremoto emocional. A escrita seria
uma das minhas estratégias de cura, pois já tinha colocado a vida em slowmotion e voltado à análise intensiva.
Revirava escombros daquilo que já havia sido e crido e
aqueles cacos não pareciam mais refletir qualquer semblante do que eu poderia
ser naquela hora tão trágica. Puxa, são imagens que recorrem a minha
mente. Antes, eu achava que um título “Tudo que é sólido se desmancha no ar”
poderia representar aquele momento. Hoje, tenho a certeza que nada foi sólido,
talvez nunca o seja. Seres humanos... morreremos na falácia de nossas certezas.
Hoje, penso que a palavra que melhor define meu estado
emocional no começo dessa proposta é DILACERADA. Eu era a sombra da mulher que
sonhei em ser. Eu tinha medo e tristeza. Me sentia só. Minha alma, minhas
crenças e meus ideais já não habitavam meu corpo. Os hematomas daquela noite
pouco eram diante da humilhação e desamor que mortificavam meu espírito há
alguns anos.
A esperança que hoje ergue minha cabeça, preenche meu
espírito ganho alicerce na SORORIDADE. Aos poucos, isso tudo terá chance de
aparecer nos dizeres que rascunho nesse chão.
Como eu dizia, são imagens que recorrem a minha mente.
Depois de ir atrás de consolo no abraço de minha querida amiga, pouco eu
conseguia dizer. Eu tinha vergonha por ter permitido que alguém me tirasse a
esperança. Nenhuma marca doía mais que aquele sentimento de ter depositado
confiança em quem usaria meu amor contra mim mesma. Foram muitas conversas com
amigas e tantas sessões de análise para tentar vomitar o chavão do futuro do
pretérito: “padeço em vida por tudo que poderia ter sido e não foi”.
Depois da primeira acolhida amiga, vim para casa. Deitei na
minha cama e, agora sim, chego à tão esperada descrição das imagens que
recorrem à minha mente. Até aquela noite eu era sozinha, mas as estrelas
cadentes surgiram no céu. Literalmente, era isso para mim. Minha amiga,
primeiro consolo e porto de meus dramas para o mundo, se despedia de mim com
uma mensagem no celular. De repente, ela escreveu: “posso te apresentar outras
amigas minhas? Acho que elas podem te ajudar a passar por essa barra”. E as
estrelas cadentes caíram do céu na minha cama:
- Oi, boa noite, sou amiga da sua amiga, soube o que
aconteceu. Saiba que você é muito importante.
- Oi, boa noite, você não me conhece, mas quero que você
saiba que não está sozinha.
- Oi, boa noite, sei que está difícil agora. Parece que
você está num deserto, mas não desista de caminhar.
Sim, noite boa. Boa noite.
Cris Couto,
18/05/2016.
Sou Cris Couto: mulher, negra mãe e escritora.
Publico no blog Flor do Dia: Coletivo do Bonde às quartas-feiras
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Eu já li e reli esse texto tantas vezes, e sempre é uma emoção nova! Sempre é uma carga de sentimentos a navegar. Obrigada por existir e pelas lições ensinadas todos os dias.
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