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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Viver é ... as vezes não dou conta.

Hoje acordei e deparei com varias feridas, cortes e roxos espalhados pelo corpo.
Olhei fixamente no espelho e eles estavam la.
Ainda assim eu tomei minha xícara de café peguei a mochila por que já era 08:30, mas um dia que chegaria mais tarde ao trabalho e queria muito terminar o dia mais cedo.
Todas as marcas foram, comigo e não ninguém as via.
Não usei maquiagem para cobrir, tão pouco é pelo tom preto da minha pele.
É por que hoje  percebi  minha alma toda dilacerada, como se visse meu corpo refletido no espelho após, alguns anos de tortura.
A tortura chamada viver!
Todo dia carrego o peso do que tenho que ser e do que eu não deveria ser.
De ter que usar rótulos enquanto não preciso deles, pois são poucos para mim.
E quando se trata de viver, vem o risco em não viver, é um processo natural temos prazo de validade, mas sabe quando é assim de repente e por vontade de outrem.
Todo dia é um dia a menos se for pensar cronologicamente, mas em tratando de ser mulher, negra, homossexual e possuir deficiência (pois é - rótulos) todo dia é um dia a mais, de dar graças por estar viva.
Para no dia seguinte acordar com aquela alegria de querer mergulhar no mundo como se mergulha no mar.
E aquela incerteza de voltar, de que desastres a esperam por que "ali não é seu lugar".
Tem dias que é de mais, muitas ondas a driblar o folego falta o corpo cansa.
Simplesmente eu não dou conta.

_Keila Almeida_

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Eu não dou conta...

Hoje eu parei para olhar ao meu redor.
Há tanta coisa que eu preciso fazer...
Entre ser mãe, filha, irmã, amiga, mulher, profissional, namorada, eu mesma; são tantos os papéis, são tantas as "eus" que preciso ser que de vez em quando eu estanco.
É que não dou conta.
E está tudo bem!
A gente não tem que poder tudo o tempo inteiro. A parte difícil estar em saber e admitir que a gente não pode.

Esse texto de hoje, por exemplo...
Eu não dei conta.
E quem nunca???

Beijos azuis.


Por Mariah Alcântara

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O prazer é todo meu: a masturbação como instrumento do empoderamento feminino

Escritora convidada: Regis Pinheiro

No antigo Egito a masturbação era algo tratado com naturalidade, inclusive as mulheres, quando morriam, eram mumificadas e enterradas com dildos feitos de argila.
Se formos pesquisar sobre a masturbação feminina, encontraremos poucas informações, levando em consideração que, para os homens, existem mais referências. Mas, mesmo assim, vamos ver que a masturbação era algo comum entre vários povos e, também há quem não acreditava que era tão natural assim. Os Indianos, por exemplo, acreditavam que masturbação era deixar a força vital ir embora, como desperdício, assim eles criaram o sexo tântrico.
Após o cristianismo o ato de masturbar foi tratado como algo “pecaminoso”, proibido tanto para homens menos ainda para as mulheres.
Até hoje, no século XXI, apesar de termos mais informações, ainda acredito que para muitas mulheres esse assunto seja tabu. Foram muitos séculos de doutrinação para que, nós mulheres, entendêssemos que nossos corpos são para o prazer do outro e não para nós também.
Geralmente, descobrimos a masturbação na infância mesmo que sem cunho sexual é nessa fase que descobrimos nosso sexo. É na puberdade (salvo exceções) que vamos usar a masturbação como satisfação sexual e/ou curiosidade.
Para muitas meninas, esse ato vem com uma carga mais pesada, pois, além da herança religiosa, ainda há a carga construída socialmente quando nós somos criadas para nos “comportarmos” ou não encontraremos um marido: senta direito; não use roupas curtas, etc.
Primeiro existe o desejo, a vontade e quando conseguimos passar por essas barreiras, tentamos aprender mais sobre nossos corpos, como sentimos prazer.
Gosto de pensar que a masturbação feminina é um ato político. É o momento que descobrimos que podemos nos dar prazer, nos sentir vivas e ir contra todo esse peso social que nos é dado sem questionarmos. É o momento que nos fazemos pessoas reais, com desejos.
Ainda por vivermos numa sociedade patriarcal e muito machista, cabem para nós mulheres, nos permitimos esses pequenos (e por muitas vezes os melhores) prazeres, cabe para nós tomarmos esse ato como algo tão natural quanto comer ou beber.
Vamos sentir nossas vaginas, tocá-las, apalpá-las, esfregá-las, penetrá-las com dedos, com dildos, vibradores, friccionar o clitóris, pressionar a vulva, os pequenos lábios, os grandes, o capuz. Vamos sentir prazer! Porque até mesmo quando procuramos informações sobre nossas vaginas, essas informações não vêm acompanhadas das infinitas possibilidades de prazeres que podemos sentir. 

Regis Pinheiro, 19/04/2017
Acima de todos os gêneros, de sentimentos fluídos, apaixonada, de par com a mulher mais incrível do mundo e acreditando que vale a pena ser o que é.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Combinado não sai caro


Acredito que a afirmação “ninguém pode ser coagido a ser protegido contra a própria vontade” de Maria Lúcia Karam[1] possa ser pensada em situações em que um combinado prévio não é cumprido, o que poderia ocasionar a degradação entre seres humanos por atitudes coercitivas. Por exemplo:

Combinado: Vivemos em relacionamento monogâmico, sem traição.
Fato: Fui traída.
Atitude coercitiva: Brigo, chantageio e/ou maltrato minha namorada, pois ela me magoou e não quero perdê-la. Na minha cabeça, penso “vou dar uma lição nela para que ela nunca mais faça isso comigo e nem me faça sofrer mais”.
Atitude ética: Termino o namoro e lido com meu sofrimento, afinal esse era o combinado (traição = fim de namoro). Faço isso pois entendo que ela não é um objeto (que possa ser meu ou perdido), mas uma pessoa que, ao meu lado, possibilitava a relação amorosa que eu almejava para ser feliz.

Na prática, na maioria das vezes, a relação é mantida com a quebra do combinado. Seria uma margem de tolerância, caso o convívio não descambe para um ciclo de atitudes de coerção e violência.

Entendendo que “ninguém pode ser coagido a ser protegido contra a própria vontade”, deixo o convite de se partir para um novo relacionamento (consigo mesmo ou outra pessoa) ou, se for amorosamente desejado pelo casal, dialogar por combinado(s) que acolha(m) a dinâmica das vontades dos envolvidos.  

Cris Couto, 12/04/2017







[1] Juíza aposentada no Rio de Janeiro, membro da diretoria da Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) e presidente da Associação dos Agentes da Lei Contra a Proibição - LEAP BRASIL). Maria Lúcia Karam emprega essa afirmação em sua crítica contra a guerra às drogas.  Segundo a juíza, o uso de entorpecentes acontece pela própria vontade do indivíduo. Como não há uma legalização das drogas no Brasil, os policiais agem como agentes de coerção da vontade própria dos cidadãos. Em razão das mazelas históricas de nosso sistema econômico, social e político, o Brasil é o terceiro país do mundo com maior população carcerária (mais de 700 mil presos). De fato, os grandes traficantes e fabricantes, de drogas não são presos. O que acontece: as cadeias incham com usuários e vapores, que são pessoas em vulnerabilidade social (pobres e homens e mulheres negros) e aguardam muito por tempo (meses, anos), encarcerados, o seu julgamento.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Sobre não coagir

“Ninguém pode ser coagido a ser protegido contra sua própria vontade” (Maria Karam)

"Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça" (Cálice - Chico Buarque)

Os últimos dias na mídia tem sido demarcados por uma discussão sobre limites. Assistimos abusos de todos os níveis, e bestificados percebemos que esses abusos sempre estiveram ali. A novidade é a reação, inédita. Nos ensinaram a ser meigas e doces. Dizer “não” com energia é um aprendizado que nos requer uma grande desconstrução.
Numa emissora de TV, uma mulher denuncia um assédio violento por parte de um ator famoso. Na mesma emissora, em um programa de muita audiência, uma moça sofre abuso em todos os níveis ao vivo. Ela não denuncia. É preciso que terceiros interfiram. E ao ser afastada do agressor, a moça chora, justifica as atitudes do moço, tende a dizer que tudo aquilo é um exagero. Fatos, apenas. Fatos num país onde uma cultura do estupro justifica sempre o masculino, enquanto procura uma mulher para colocar a culpa. Foi possível encontrar quem dissesse que a primeira moça estava querendo aparecer a “fazer nome” em cima do ator famoso, enquanto a outra irritou e provocou o namorado até ele enlouquecer e ficar desequilibrado emocionalmente. Culpa dela. Estamos todos, homens e mulheres, inseridos dentro dessa cultura e precisando urgentemente desconstruí-la. Para que não exista mais essa relativização da violência contra a mulher. Diante de um caso claro onde a mulher é vítima, quem nunca ouviu que “essa história está muito mal contada?”
Mas para além de tudo isso, moram as verdades de cada um. Algumas pessoas, em momento de fragilidade, precisam de ajuda para sair da situação onde foram parar. Quanto mais abusada a pessoa, mais dificuldade ela encontra em sair de relações tóxicas. E é preciso que essa pessoa encontre em nós apoio e acolhida. Apenas. Todo o resto da tentativa de proteção talvez seja diversificação de tutela. Se entendo que o outro precisa ser protegido, estou lidando com várias percepções erradas: Eu sei o que é melhor para o outro, o outro não sabe o que está fazendo, e, em última instância, se eu não salvar a pessoa ela estará perdida.
Tudo errado. Isso é exatamente o que qualquer abusador faz. Enxerga o outro como menor, pequeno, enxerga a si mesmo como o grande salvador sem o qual o outro só faz bobagem... Isso significa que, se eu não estiver muito muito atenta, corro o risco de, tentando proteger alguém, transformar-me no seu algoz, determinando o que o outro deve pegar ou largar, o que ele deve sentir, de que forma deve agir.

Eu não tenho resposta. Não sei proteger uma mulher sem reduzir sua autonomia sobre si. Intuo que o caminho passa por ajudá-la a sentir-se mais forte para fazer por si. Só nós arcamos com o custo e os frutos de nossas escolhas. É justo que nós sejamos os protagonistas das ações.



sexta-feira, 7 de abril de 2017

Bilhetinho azul ... Obrigada


Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar
o meu amor foi embora e só deixou pra mim
um bilhetinho todo azul com seus garranchos

Que dizia assim "Chuchu vou me mandar!"
é eu vou pra Bahia (pra bahia) talvez volte qualquer dia
o certo é que eu tô vivendo eu tô tentando Uuu!!!
Nosso amor, foi um engano

Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar
como pode alguém ser tão demente, porra louca
inconsequente e ainda amar, ver o amor
como um abraço curto pra não sufocar
ver o amor feito um abraço curto pra não sufocar

(cazuza)
....

Hoje eu acordei com sono , sem vontade de acordar.
A cama estava quente, e eu pela primeira vez me senti no meu lar.
La fora até chovia, mas não como nos outros dias que me pareciam tristes.
Hoje este dia era meu, eu poderia ler e até arriscar em fritar um ovo sem sal.
Comer todo o chocolate, há e eu me esticaria na cama de todas as formas e isso me daria imenso prazer e não aquela dor da ausência.
Eu poderia  ver qualquer filme até um documentário, estudar um pouco na internet ou não fazer nada ou só pensar em silêncio.
Nossa! E eu posso ver uns amigos, escolher ir a um samba ou um Rock e por que não Samba Rock.
Hoje a decisão era minha, a escolha era minha.
e pela primeira vez eu notei que não estava sobrevivendo, não tinha mais que me sentir em um aquário onde nem meus ouvidos ficavam descobertos apenas a boca e o nariz e as vezes até eles eram cobertos devido o cansaço da resistência e luta.
Hoje não existe mais você e eu aprendi a viver, aprendi a importância de poder acordar e ser dona do meu dia sem me importar com as reclamações de atenção não dada por que eu queria(precisava) ler, de como o ovo está sem sal ou de por que não como de vagar o chocolate ou guardo para o dia seguinte.
Sei que gosto da minha camisa masculina e da minha calça de couro feminina, de pintar as unhas de preto e se isso me faz "viado", que orgulho. Não tem nada de errado nisto!
Eu nasci só e morrerei só, o resto é soma ou nada!

Bilhetinho azul. Obrigada!

.....

'Eu disse' Que dizia assim assim "Chuchu vou me mandar!"
é eu vou pra Bahia (pra bahia)  viver talvez volte qualquer dia
o certo é que eu tô vivendo eu tô tentando  bem Uuu!!!
Nosso amor, foi um engano,

....

não era amor era prisão! 

...

E o porra louca inconsequente ama sim, e por isso as coisas que ama deixa as livre

... 

- ver o amor feito um abraço curto pra não sufocar, ver o amor feito um abraço curto pra não sufocar!

_Keila Almeida_

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Eu aprendi que mereço


Para Regis Pinheiro

Confiança. Hoje, acredito que tenho alguém que acredita em mim e como isso é bom! Hoje, as palavras bastam, pois, agora, há muito respeito recíproco em meu atual relacionamento.

Lealdade. Hoje, tenho uma companheira que tem dado valor aos meus sentimentos e, reconheço, com ela me tornei uma pessoa mais doce e expressiva. Isso acontece quando você se sente amada!

Atenção. Como é bom, hoje, me relacionar com alguém que conhece meus gostos, ri das minhas piadas e adora meu sorriso! Quando temos grana, ela me ajuda a escolher um lugar aconchegante para jantarmos juntas ou me surpreende com o chocolate que eu adoro. Que doçura é ter uma companheira que lembra com carinho e me surpreende nas datas comemorativas. Que delícia ter a companhia dela para rirmos alto de ótimas comédias ou secarmos nossas lágrimas em filmes emocionantes. E não posso esquecer: juntas pulamos pelos ares e fazemos belas viagens!

Ter o meu tempo. Gosto de ter tempo para ficar com meu filho e minha família, com meus amigos e para curtir meus hobbies (leitura, dança e violão). Também gosto de ter meu tempo de paz para relaxar e meditar. Como é bom me relacionar com alguém que entende e respeita que preciso desse tempo para fazer o que gosto e estar com as outras pessoas que amo.

Ser melhor. E como sou melhor agora! Consigo lidar melhor com minhas marcas do passado e dizer o que sinto. Já sei dizer um pouco mais “não” para o que não quero. Reconheço um pouquinho melhor meus egoísmos e procuro lidar melhor com eles. Tenho cada vez mais coragem para buscar o que pode me fazer feliz. Nisso tudo, por vezes, sinto e tenho o apoio de minha companheira amada.

Apoio. Acordo corrida durante a semana! Preciso me arrumar para o trabalho, arrumar meu filho e leva-lo para escola. Quando minha namorada dorme comigo, ela tem o cuidado de nos ajudar: arruma meu quarto e prepara nosso café com carinho porque ela quer, veja bem! Que gostoso, que aconchegante! Mas o melhor de tudo: com ela aprendi que posso estar na bad e viver minha bad sem pressão, sem peso e sem culpa. Ela dá meu espaço quando preciso dele e também é meu aconchego, quando preciso de colo, diálogo e carinho.

Quando temos a sorte se achar alguém assim, depois de um belo tombo, o ditado faz sentido: “vão-se os anéis e ficam os dedos”. Ficam as mãos, a mente, o corpo e o coração. Com tempo, cuidado e carinho a gente pode viver bem de novo.


Cris Couto, 05/04/2017

terça-feira, 4 de abril de 2017

Sem você eu não sobrevivi. Aprendi a viver.

Naquele dia eu acordei sozinha. Não tinha ninguém do meu lado na cama. E imediatamente eu me lembrei de que eu te beijava todos os dias. Antes. Eu fazia isso mesmo nos dias mais difíceis. Mas naquele dia tudo era silêncio. E fiquei surpresa quando percebi que gostei. Gostei de não ter que conversar. Gostei de não preparar nenhum café. A não ser que eu quisesse. Ao invés de perguntar: “O que precisamos fazer hoje?” eu me perguntei “o que quero fazer hoje”.
Meu querer. Há quanto tempo ele tinha deixado de importar? Eu nem sabia mais.
O espaço do meu guarda-roupa. Você tinha levado tudo. E pensei o que eu poderia colocar ali no seu lado. E podia ser o que eu quisesse.
De repente, o tempo, meu tempo tão escasso, era de novo meu. O final de semana. Quantos amigos eu poderia encontrar a partir daquele instante?
Lembrei das vezes em que eu quis viajar. Mas nos faltavam recursos financeiros. Não era fácil manter nosso padrão de vida. Mas eu estando sozinha, tudo mudava. Fui fazer teatro. Fui fazer terapia. De repente, os meus recursos, internos e externos, pertenciam só a mim mesma. Eu me pertenci de novo.
Me pertencer...
Me perguntei de onde vinha essa tendência a priorizar o outro. Qual carência me fazia querer agradar a esse ponto, a ponto de me ignorar, a ponto de não me permitir viver o que me fazia feliz.

Fiquei inebriada com todo o silêncio. E eu sorri pra vida.  

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Sem você eu não sobrevivi. Aprendi a viver.

Foi em um sábado de manhã, depois de todo um sexta-feira romântica, as crianças na casa da avó, mil planos para o final de semana cheio de amor que viria...
Encontrei a mesa posta, um café da manhã de novela. Ainda de forma romântica, quase teatral sentei à mesa e nos demos as mãos, dei meu maior sorriso, aquele que grita amor e felicidade. Então ouvi a frase "Querida, eu não posso mais continuar. Terminamos aqui."
O chão sob os meus pés cederam sem se mover, o sorriso se transformou numa careta de choro e eu aceitei. Sim, aceitei. Já eram tantas idas e vidas que eu simplesmente não podia mais. Eu também não podia continuar.
Levantei-me da mesa de café e voltei pra cama, lugar que me acolheria por meses a frente.
Entrei em um processo de chora, trabalha, dorme que nunca tinha fim. Foram 6 meses.Em dias de folga eu não me levantava.As crianças aprenderam a se cuidar e até a cuidar da própria comida. Eu, morta viva, segui na sobrevida.
Mas um dia eu abri os olhos e o café quente voltou a ter cheiro. Montei minha própria mesa e arrisquei um sorriso de novela para o suco de laranja que parecia doce e ele estava mesmo! Arrisquei olhar em volta e apreciar o meu trabalho. E eu desbravei os lugares que me permiti ir. E descobri que viajar não era tão caro, tão complicado e tão difícil quanto eu ouvia, descobri que me dar presentes era necessário, que ter amigos era essencial, que eu podia ir ao cinema, ao parque e ao teatro sozinha e isso seria muito bom.
Foram tantas coisas que eu fui aprendendo com os dias que eu descobri, que de amor não se morre. Mesmo quando temoa  certeza que não sobreviveremos. Aliás, não sobreviver é a melhor coisa.
Sem você eu não sobrevivi. Aprendi a viver!


Beijos azuis


Escrito por Mariah Alcântara
Publicado originalmente no Blog Flor do dia: Coletivo do Bonde
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