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segunda-feira, 26 de junho de 2017



Hoje acordei e me vi no espelho.
Olhei o rosto que me segue por 38 anos, apesar dele ter modificado muitas vezes.
Ora eu me vi menina ora me vi assim do jeito que sou.
Passei muitos anos sem me ver no espelho com medo do que poderia observar.
Era menina, não era.
O rosto confunde. Ora menina, ora não é. O que é?
Precisa definição?
Precisa alguém dizer se é homem ou mulher?
Precisa ter “trejeitos” femininos, masculinos.
Não quero. Quem eu sou?
Eu? Sou?
Procuro-me em cada sílaba, frase, cor. Por quê?
Eu sinto. Eu sei.
Não quero me desculpar por ser feminina e tão pouco por não sê-lo.
Não estou aqui para provar nada. Estou aqui para viver, sentir, me dar e receber.
Peço licença, pois eu existo e vou passar com minha indefinição, pois eu não preciso dela.
Eu sou. 
Não fujo mais do espelho. 


Só mais um no mundo, sem distinção de gênero. 24/06/17

4 comentários:

  1. Muito bonito o seu texto. Parabéns.

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  2. Eu também já tive muito medo de me olhar no espelho...
    Uma vez meu professor de teatro me perguntou qual era meu maior medo e eu disse "não existir". Ele disse: Sim, morrer é um medo importante. Eu retruquei que "não existir" é bem diferente de morrer. Não existir é estar vivo sem significado algum. E eu sempre desejei que minha história fizesse algum sentido, ao menos para mim mesma. Houve um tempo em que eu duvidei se teria. Mas tem. :)

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  3. Ser é indefinivel e maravilhoso. Amo vc. Lindo texto!

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  4. Amiga texto incrível, espero realmente que comece a se amar e ser simplesmente independente de substantivos ou de adjetivos. Te amo!

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