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quinta-feira, 30 de março de 2017

De mentira em mentira

Ainda me lembro da decepção quando, aos 5 anos minha prima me contou que o Papai Noel não existia. Corri pra minha mãe e falei: Mãaae, ela está dizendo que o Papai Noel não existe, é mentira não é?
Ela sem titubiar disse: Não, não é mentira, o Papai Noel não existe mesmo!
Desejei que ela tivesse mentido, porque aquela verdade me deixou muito confusa e não conseguia entender a propaganda na TV de um shopping em São Paulo que dizia no "jingle": "Papai Noel existe mesmo e mora lá, Center Norte" em que eu associava Center Norte ao Polo Norte, então as informações tinham conexão na minha cabeça.
Hoje falando sobre isso rio sozinha, mas naquele dia quis muito que ela tivesse mentido porque o Coelhinho da Páscoa não existia, era meu pai mesmo, então pelo menos o bom velhinho que aparecia na televisão, poxa, ele existia sim.
Graças ao céus meu dente caiu e a Fada viria busca lo se eu jogasse no telhado kkkkk mas isso não era a fada, era superstição da família. Mas deu certo, eles nasceram novamente e estão aqui ainda rs.
Quando eu descobri a primeira traição amorosa desejei ouvir: claro que não existe, ilusão da sua cabeça! Mas estava ali, diante de mim, não havia como negar, ninguém me contou, estava diante dos meus olhos.
Desolada, segui, me perguntando por diversas vezes: como pôde? Por que comigo? Tantas promessas e juras de amor e agora isso?
A maturidade trás a resposta para várias dessas perguntas, também mostra que amor e desejo podem ou não andar juntos.
Até que, um belo dia outra pessoa faz a mesma coisa, mente novamente, engana,  magoa com as inverdades, as quais eu preferi acreditar. Então aqueles fantasmas adormecidos do trauma anterior acordam e milhões de novas e antigas perguntas se fazem novamente na mente.
Por tantas vezes meu perguntei: Como pôde? Por que comigo?
Sim, não estou imune as mesmas mentiras por te las recebido anteriormente, como em uma vacina ou uma doença da infância. Tive uma vez, não terei mais. A mentira não é assim.
Se fui ingênua mais uma vez, precisarei me perdoar também, mas deixo de ser a vítima a partir do momento em que decidi acreditar. Afinal algumas mentiras me deixaram tão confortável por alguns instantes que não quis averiguar se eram mesmo mentiras ou não.
Também não posso me culpar por ter acreditado em alguém novamente, porque isso também me trás conforto.
Aquele ditado que diz: "O que os olhos não vêem, o coração não sente" me faz tanto sentido agora, como em outros momentos.
As vezes eu só queria ouvir de novo o "não, é ilusão da sua cabeça, não existe" para as mentiras que descubro.
Em contra partida me recordo de também não ter dito a verdade e ter seguido normalmente.
Já disse sim, quando quis dizer não (fiz isso nos últimos tempos com mais frequência que em qualquer outro tempo na vida). Isso não foi legal, criou falsas esperanças e me submeti a situações desconfortáveis, me invadi um pouco, me desrespeitei. Nos magoamos!
De mentira em mentira foi construído um castelo de areia, com a maré e os ventos da verdade tudo veio abaixo.
O mar contínua o mesmo, tão perigoso quanto antes, tão belo quanto antes, as ondas se fazem e desfazem...e mais uma vez vou experimentar, com a esperança de que os mergulhos sejam mais fundos e mais corajosos, sem esperar que alguém me salve, mas indo até onde me sentir segura para manter o domínio do meu corpo, sem precisar esperar que alguém me salve, mas com a certeza da delícia de me entregar nessa imensidão e acreditar que as águas nunca serão as mesmas. Afinal, manter o domínio sobre ocorpo, além de ser mentira, torna a coisa e a vida menos prazerosa.

Por: Renata

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