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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Viver é ... as vezes não dou conta.

Hoje acordei e deparei com varias feridas, cortes e roxos espalhados pelo corpo.
Olhei fixamente no espelho e eles estavam la.
Ainda assim eu tomei minha xícara de café peguei a mochila por que já era 08:30, mas um dia que chegaria mais tarde ao trabalho e queria muito terminar o dia mais cedo.
Todas as marcas foram, comigo e não ninguém as via.
Não usei maquiagem para cobrir, tão pouco é pelo tom preto da minha pele.
É por que hoje  percebi  minha alma toda dilacerada, como se visse meu corpo refletido no espelho após, alguns anos de tortura.
A tortura chamada viver!
Todo dia carrego o peso do que tenho que ser e do que eu não deveria ser.
De ter que usar rótulos enquanto não preciso deles, pois são poucos para mim.
E quando se trata de viver, vem o risco em não viver, é um processo natural temos prazo de validade, mas sabe quando é assim de repente e por vontade de outrem.
Todo dia é um dia a menos se for pensar cronologicamente, mas em tratando de ser mulher, negra, homossexual e possuir deficiência (pois é - rótulos) todo dia é um dia a mais, de dar graças por estar viva.
Para no dia seguinte acordar com aquela alegria de querer mergulhar no mundo como se mergulha no mar.
E aquela incerteza de voltar, de que desastres a esperam por que "ali não é seu lugar".
Tem dias que é de mais, muitas ondas a driblar o folego falta o corpo cansa.
Simplesmente eu não dou conta.

_Keila Almeida_

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