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terça-feira, 4 de abril de 2017

Sem você eu não sobrevivi. Aprendi a viver.

Naquele dia eu acordei sozinha. Não tinha ninguém do meu lado na cama. E imediatamente eu me lembrei de que eu te beijava todos os dias. Antes. Eu fazia isso mesmo nos dias mais difíceis. Mas naquele dia tudo era silêncio. E fiquei surpresa quando percebi que gostei. Gostei de não ter que conversar. Gostei de não preparar nenhum café. A não ser que eu quisesse. Ao invés de perguntar: “O que precisamos fazer hoje?” eu me perguntei “o que quero fazer hoje”.
Meu querer. Há quanto tempo ele tinha deixado de importar? Eu nem sabia mais.
O espaço do meu guarda-roupa. Você tinha levado tudo. E pensei o que eu poderia colocar ali no seu lado. E podia ser o que eu quisesse.
De repente, o tempo, meu tempo tão escasso, era de novo meu. O final de semana. Quantos amigos eu poderia encontrar a partir daquele instante?
Lembrei das vezes em que eu quis viajar. Mas nos faltavam recursos financeiros. Não era fácil manter nosso padrão de vida. Mas eu estando sozinha, tudo mudava. Fui fazer teatro. Fui fazer terapia. De repente, os meus recursos, internos e externos, pertenciam só a mim mesma. Eu me pertenci de novo.
Me pertencer...
Me perguntei de onde vinha essa tendência a priorizar o outro. Qual carência me fazia querer agradar a esse ponto, a ponto de me ignorar, a ponto de não me permitir viver o que me fazia feliz.

Fiquei inebriada com todo o silêncio. E eu sorri pra vida.  

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