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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O ultimo post

... De 2016. Dá até um arrepio pensar que o próximo texto já será em 2017. Onde você estava no final de 2015?
Eu morava num país governado por uma presidenta. Eu tinha um emprego. Eu estava sem grana pra caramba, mas achava que a vida financeira ia melhorar em breve. Eu era solteira, tinha um filho. Na ceia de Natal, estávamos apenas eu e meu pai. Fiz um frango assado delicinha pra nós. Tinha planos pro ano que se anunciava.
Hoje, não tenho mais meu pai. Não tenho mais presidenta. Estou casada e tenho quatro meninos. Tenho dois empregos ao invés de um. Mas continuo sem grana. Eu tenho planos pro ano que se anuncia?
Cara, nem sei. 2016 foi tão difícil, fui atropelada de tantas formas... Claro que teve a parte boa, mas a tentativa de sobreviver foi tão intensa que não sobrou muito tempo pra sonhar. O que desejo desse ano, além de conseguir manter-me em pé? Se eu pudesse resumir 2016 numa única situação, seria assim: a pessoa é engolida por uma onda, toma um caldo. Antes que possa levantar, outra onda a cobre completamente. Ela tenta levantar a cabeça e respirar, mas as ondas se sucedem numa velocidade vertiginosa, e então ela desiste. Deixa vir, deixa ser, deixa-se ser engolida pela avalanche até estar soterrada. Depois, flutua. Mergulhada no silencio. No dia seguinte. Estamos aqui.

Então, os planos para  2017 incluem voltar a respirar. Perceber onde fui parar. Fazer as escolhas, com leveza. Retomar pontos importantes que ficaram no caminho. Aprender. Decidir.

Na figura: Cena do filme Elena, imagem disponível em http://www.elenafilme.com/blog/ 

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