... De 2016. Dá até um arrepio pensar que o próximo texto já
será em 2017. Onde você estava no final de 2015?
Eu morava num país governado por uma presidenta. Eu tinha um
emprego. Eu estava sem grana pra caramba, mas achava que a vida financeira ia
melhorar em breve. Eu era solteira, tinha um filho. Na ceia de Natal, estávamos
apenas eu e meu pai. Fiz um frango assado delicinha pra nós. Tinha planos pro
ano que se anunciava.
Hoje, não tenho mais meu pai. Não tenho mais presidenta. Estou
casada e tenho quatro meninos. Tenho dois empregos ao invés de um. Mas continuo
sem grana. Eu tenho planos pro ano que se anuncia?
Cara, nem sei. 2016 foi tão difícil, fui atropelada de
tantas formas... Claro que teve a parte boa, mas a tentativa de sobreviver foi
tão intensa que não sobrou muito tempo pra sonhar. O que desejo desse ano, além
de conseguir manter-me em pé? Se eu pudesse resumir 2016 numa única situação,
seria assim: a pessoa é engolida por uma onda, toma um caldo. Antes que possa
levantar, outra onda a cobre completamente. Ela tenta levantar a cabeça e
respirar, mas as ondas se sucedem numa velocidade vertiginosa, e então ela
desiste. Deixa vir, deixa ser, deixa-se ser engolida pela avalanche até estar
soterrada. Depois, flutua. Mergulhada no silencio. No dia seguinte. Estamos
aqui.
Então, os planos para 2017 incluem voltar a respirar. Perceber onde
fui parar. Fazer as escolhas, com leveza. Retomar pontos importantes que
ficaram no caminho. Aprender. Decidir.
Na figura: Cena do filme Elena, imagem disponível em http://www.elenafilme.com/blog/
Melhores planos. Que possamos concretizá-los. Te amo!
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