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segunda-feira, 18 de julho de 2016

Precisamos falar sobre




Saudade.


Saudade, já dizia Clarice Lispector, é um dos sentimentos mais urgentes que existem.
É dos sentires que tiram o ar, que tiram o senso, que doem fisicamente, mesmo sendo sentimento.
Porque a vida é assim, mar aberto, estrada larga, e a gente vai vivendo. 
Vai seguindo, nem dá mesmo para parar, é sempre um curso constante, um caminhar de passos rápidos.
E um dia no meio disso tudo, a gente olha de lado, vislumbra um vulto cheio de amor do que viveu e se deixa pegar na tal saudade.
São momentos da infância quando o dia acabava em balas dadinho.
São os risos adolescentes e a descoberta de si mesmo.
São os 18 anos e o peito cheio de certeza.
São os anos vividos desejosos de um futuro que não se define.
São os amores, os vividos, os sentidos, os escondidos, os escolhidos e os perdidos.
E assim, no meio da saudade, você descobre que toda forma de amor vale a pena.
A gente lembra das coisas que viveu, de tudo o que sentiu e se vê como num filme, olhando de longe, mas olhando de dentro. 
E vez por outra fica assim, tomado dessa coisa que arde o peito, que reaviva a memória, que faz gente chorar e rir e rir e chorar tudo junto, meio maluco.
A vida não acontece linear e a gente vai em frente, canta as canções que aprendeu por anos, e cada uma diz uma coisa. E a gente sente falta dos amigos, da comida da mãe, até do medo que sentia do pai. A coisa ferve, vem lá a falta dos irmãos, do amor, de mais tempo que a gente não teve pra fazer tudo.
Daí a gente chora um pouco, quer viver um pouco disso tudo que faz bem a alma, e a vida continua seguindo seu próprio ritmo, sem texto nem regra.
E um dia, quando a gente acerta o passo com a tal vida, numa noite de quarta-feira, senta em frente o computador com uma boa taça de vinho e deixa a saudade acontecer.
Deixa o peito morno dessas cenas doces e urgentes de serem lembradas. Abre um sorriso largo, pois saudade também é conforto, também é história, também é vida. 
E vem a falta do agora. Do hoje, do café com a mãe, do riso dos filhos, dos abraços dos amigos, do beijo do amor.
Sim, Clarice estava coberta de razão. Saudade é um dos sentimentos mais urgentes que existem!


Escrito por Mariah Alcântara
Publicado originalmente no Blog Alma Nua 
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