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terça-feira, 19 de julho de 2016

Tão longe.

Estava lá. Naquele lugar desconhecido, com pessoas que nunca tinha visto. Anoitecia. E foi então que começou. Tudo estava desencaixado demais, muitos imprevistos aconteceram para que estivesse ali, naquele exato lugar e momento. Algo importante no ar. Em algum lugar, alguma coisa muito séria estava acontecendo. Algo decisivo e definitivo. Como explicar a sensação de perceber que o momento não era como outro qualquer? Havia uma decisão a ser tomada, ou sendo tomada naquele exato instante. Uma decisão que mudaria tudo, para sempre. Uma decisão dolorida demais.
Como explicar? Como entender? Como dizer que simplesmente sei, porque senti antes mesmo de qualquer notícia chegar?
Fugi. E corri, corri, corri, querendo ir pra bem longe. Querendo não saber, não sentir.
Milhões e milhões e milhões de pessoas no mundo. Como é que mesmo assim a gente consegue ser tão único?
Como é que mesmo assim há momentos em que somos estrangeiros absolutos em qualquer lugar?
Existe em mim um amor imenso. Um amor profundo e transformador. Eu sei que ele transformaria o mundo todo se apenas tivesse espaço pra existir.
Mas não. Não há.
A sensação é de estar no fundo do mar. Flutuando. Se eu gritasse, o som não chegaria a lugar algum. Se eu chorasse, as lágrimas se confundiriam com todas as águas à minha volta. Nada, nada é possível no fundo do mar. não há nada em volta, nada por perto...
E nada, nada do lado de dentro.
E ainda assim, é possível descobrir que ainda existe alguma coisa quando a gente tem vontade de correr pra longe, tão pra longe do grande nada que o tudo se tornou.

(Publicado originalmente em outro blog, sob pseudônimo)

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