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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Tempo, mano velho

Sentada na pedra sinto o vento. E aprecio o silêncio. E o silêncio é um bálsamo na alma.
A vida segue vertiginosa. Hoje é terça, e quanto eu piscar os olhos já será segunda de novo. E tinha tanta coisa que eu devia ter feito! Tanta gente que eu deveria ter conversado, ou pelo menos mandado uma mensagem. O tempo me escapa feito areia pelos dedos, cada minuto raro, precioso, e eu preciso reter tudo o que for possível, porque chegará o dia em que não haverá mais nenhum minuto. Nenhum olhar ou gesto que faça sentido. Haverá o dia, e não demora, em que tudo será saudade. Ao invés de aproveitar o que resta, me distancio. Tentando ficar, já vou indo. Não por querer. Mas porque sinto sono, e cansaço, e desejo como nunca a exaustão completa, que me faria apagar a cada anoitecer e só despertar quando for a hora de correr. E correr de novo, e de novo, até que pare um pouco de doer. Se eu parar agora, se eu olhar agora, se eu pensar agora... Como seguir em frente? Como não travar de medo, de desespero, de pavor ou tristeza?
Estamos vivendo em tempo de velocidade. Um sociólogo já disse: o mundo hoje é como um rio coberto de gelo. Se ficarmos por muito tempo em cima dele, podemos afundar. Então, no tempo da velocidade, passamos correndo, não importa tanto pra onde, contanto que seja bem rápido. A velocidade acaba sendo mais significativa que a direção para onde se vai. Não há muito objetivo, o que queremos é chegar rápido em qualquer lugar. Como Alice que pergunta ao gato que caminho seguir, ao que o gato responde perguntando onde ela quer chegar. Tanto faz, ela diz. Então qualquer caminho serve, responde de novo o gato.

Qualquer caminho serve. Contanto que seja rápido. Contanto que a chegada seja aconchegante. Contanto que o abraço e o café não tenham esfriado ainda. 

2 comentários:

  1. Amada, isso vale uma linda conversa. Ainda hoje discuto muito comigo mesma a respeito de como usar melhor o meu tempo para me fazer feliz durante esta breve passada por aqui. Beijos

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  2. Amada, isso vale uma linda conversa. Ainda hoje discuto muito comigo mesma a respeito de como usar melhor o meu tempo para me fazer feliz durante esta breve passada por aqui. Beijos

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