Brasileirinhos
Cá estou eu com eles, novamente, para aprender.
Sair com crianças da escola fundamental I para o desfile de
Sete de Setembro requer logística: conferir autorizações e crachás, contar e
recontar crianças, lanche, água, banheiro e ônibus.
No desfile, a turminha puxava o coro “Sete de Setembro! Sete
de Setembro!”. Quando interpelados sobre o motivo da comemoração, um deles, com
dificuldade, puxou da memória a palavra “independência”.
Já seria triste apenas reproduzir a história dos vencidos, mas
parecia que nem esta se fazia presente na memória dos participantes daquele repertório
festivo.
Chegamos com tudo acontecendo. Descemos do ônibus e entramos
na fila já formada, atrás da faixa com o nome da escola. Todos estavam
enfileirados para dar a ver os homens políticos que gerem nossos impostos.
Passamos às pressas pela avenida, com a torcida mirim para
que a chuva aumentasse. Em alguns momentos, a faixa com o nome da escola nos
serviu de cobertura contra a chuva forte.
E esse foi o sentido cívico do ato: aparência de
agradecimento ao que deveria ser nosso por direito.
Molhados e com frio, subimos no ônibus de volta para a
escola.
Cris Couto, 07/09/2016
Sou
Cris Couto: mulher, negra mãe e escritora.
Publico no blog Flor do Dia: Coletivo do Bonde às quartas-feiras
Gostou? Leia outros textos meus em:
https://www.facebook.com/criscouto1010/
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