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quinta-feira, 9 de junho de 2016

O que me faz mulher?

O perfume, o cumprimento do cabelo, a forma de andar?

Despertar antes do nascer do Sol tem alguns privilégios e um deles é o silêncio, até que de fato o corpo inteiro acorde. Poder ouvir o nada, o nada por fora, o que diz o interior, as vezes é possível escolher o que ouvir quando o silêncio predomina, sensaçaõ gostosa essa de escolher.

Em frente ao espelho me preparando para sair, o radio ligado e uma música (que nunca ouvi antes) que dizia mais ou menos "você me faz mulher". Ouvir isso quebrou todo aquele silêncio.

Sera que é necessario um outro alguém para fazer ou trazer a definiçao de uma identidade?

Se tem um coisa que tenho e naõ define o que sou é a vagina. Pensar que minha genitalia define que sou mulher é pensar que mulheres que nasceram com pênis nao podem se identificar como mulheres que sao.

Pintar as unhas de vermelho, usar salto alto ou saia, o que me faz mulher? Essa pergunta me acompanhou hoje.

Se for a maternidade que faz alguém ser mulher, entao nao sou, porque ser mae (apesar de querer) esta longe de acontecer para mim.

Se é a forma de falar me traz uma incógnita, porque para mim, mulheres e homens podem abordar qualquer assunto, utilizando o linguajar que for confortavel para quem fala e quem ouve.

Se for a roupa terei dúvidas infinitas em certas comunidades e culturas.

De certo minha identidade de gênero me auxilia nessa questao, é assim que me identifico. Me identificar assim é confortavel, agradavel, me faz amar ainda mais o meu corpo. Identidade é mesmo individual e intransferível. Mas o que me faz mulher é ainda maior porque esta relacionado diretamente a minha história.

O que me faz mulher é minha aceitaçao por mim, pelo meu corpo. É a responsabilida que cresceu com ajuda do tempo.

O que me faz mulher é deixar a insegurança de menina e encarar os fatos, é pular em uma piscina de bolinhas sem pensar na idade que tenho, apenas na liberdade que sinto.

Ninguém me fez mais mulher...o tempo fez isso por mim e eu aproveitei isso dele. Isso é realidade para mim.

Dependendo da pessoa, dependendo dos fatos, me faz uma mulher mais feliz ou menos feliz, mais educada ou menos educada, mais gentil ou menos gentil, mais apaixonada ou menos apaixonada. Mas nada disso me faz menos mulher.

E a vulnerabilidade? Essa sim me lembra todos os dias do que é ser mulher.

Por: Renata


2 comentários:

  1. Nossa, assunto importante, delicado e polêmico. Start para muitas reflexões. Obrigada por compartilhar seu lindo texto!

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  2. Nossa, assunto importante, delicado e polêmico. Start para muitas reflexões. Obrigada por compartilhar seu lindo texto!

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